Nossa entrevista no dia 3 felizmente não teve nenhuma grande surpresa. Tudo se passou como a maioria dos relatos já adiantava, sem stress, com M. Leblanc (agora sei que é com b minúsculo). Conseguimos nosso CSQ sem problemas.
Mas isso tudo é muito bonito falar agora que já passou! 🙂 Como disse antes, a gente sempre se prepara para o pior, porque marde happens. Como não temos controle sobre várias coisas que podem dar problema, o melhor que podemos fazer é estarmos preparados para lidar com essas possibilidades. Nosso lema é o “vai que…”. Além de te tirar de possíveis enrascadas que possam surgir, a preparação às vezes funciona como uma espécie de profecia auto-realizável: menos problemas aparecem porque você se preparou pra eles. Enfim, acho que é sempre válido se esforçar para deixar o menos possível por conta da sorte. Pelo menos tem funcionado pra nós.
Segue abaixo o relato “um pouquinho” detalhado de nossa pequena saga.
Senta que lá vem a história!
Documentos
Nos guiamos principalmente pela lista de docs do e-mail da convocação, então juntamos na ordem:
– Passaportes
– Certidões de nascimento
– Certidão de casamento (que tiramos só pra facilitar aqui mesmo, casar dá menos trabalho que ficar provando união estável)
– Contrat relatif à la capacité financière (WTF? Já não enviamos um com a DCS? OK, levamos um novo mesmo assim)
– Diplomas e históricos escolares
– Rachel: carteira de trabalho, contra-cheques dos últimos 5 meses, rescisões contratuais de todos os empregos anteriores e IRPF 2010
– Moi-même: Boletos de câmbio (recebo meus pagamentos do exterior), DARFs (imposto relativo aos pagamentos), carta de cliente, alteração de contrato social (saída de sociedade em 2007) e IRPF 2010
– Certificados da École Québec (242h) e diploma da Cultura Inglesa (curso completo) da Rachel
Além disso levamos também:
– CVs (também já enviados na DCS, mas vai que ele pede de novo, e também é bom ter à mão para manter o discurso consistente)
– Grille budgétaire (merece um post separado)
– Cópia da passagem de avião da viagem que fizemos ao Canadá em março (vai que pede pra provar)
– Anúncios de apartamentos (só 3 impressos do padmapper como referência – acho que o importante é conhecer de verdade e saber falar sobre a realidade do aluguel em MTL, os processos, os preços e os bairros)
– Ofertas de emprego no perfil atual da Rachel (programmeuse .NET), num perfil “plano B” (intégratrice html/css), e “C” (programmeuse PHP)
– Site do Montréal NewTech (meetup/comunidade de empreendedores web)
– Site do js-montreal (usergroup de javascript, minha especialidade principal)
– Minha página no github, mostrando meus projetos e o pessoal seguindo
– Site do Station C (espaço de co-working onde pretendo ir trabalhar ocasionalmente e réseauter)
E isso foi tudo. Vimos que muita gente prepara verdadeiras monografias sobre o Québec, apresentações de powerpoint, etc e depois fica triste porque o entrevistador não pediu pra ver. Também sempre vem alguém e diz que valeu o esforço de ter produzido o calhamaço mesmo assim, porque fez você aprender sobre o Québec. Eu já acho que se você escolheu um lugar para morar e não conhece ele razoavelmente bem, par coeur, por interesse genuíno, algo está errado! Como você pode escolher um país pra morar, e depois pesquisar sobre ele? Pra mim só faz sentido o contrário.
As Pastas
Pesquisando na web, encontramos três approaches para levar os documentos para a entrevista: a pasta catálogo (com plásticos, como na nossa DCS; horrível pra colocar e tirar documentos, fora de questão), a pasta sanfonada, e as pastas L (idéia do pessoal da CLIC de salvador). Rachel gostou da idéia das pastas L, porque realmente é um pouco chato colocar e tirar papéis da sanfonada. Mas eu tenho mais facilidade com ela, e preferia levar menos volumes, então acabamos levando tudo em duas sanfonadas mesmo (uma para os docs de cada um).
Dica: quando for comprar pasta, compre tamanho ofício! Se comprar A4, sempre vai ter um papelzinho mala que não cabe.
O Federal
Assim como todo mundo, queríamos deixar logo preparado o federal, para caso fôssemos aceitos pelo Québec, darmos entrada no consulado o mais rápido possível.
Nossa entrevista era sexta-feira, e pelo site do consulado vimos que não poderíamos entregar os docs pessoalmente. Resolvemos então que enviaríamos tudo por sedex, dali de São Paulo mesmo, no sábado.
Ainda não tínhamos visto muito o federal em detalhes, então tivemos que pesquisar bastante. Ainda vou fazer um post separado sobre ele, mas em resumo, a questão mais complicada são os certificados de antecedentes criminais. No nosso caso no final foi simples, deu pra tirar quase todos (5) pela internet e só um meu tive que pegar pessoalmente, mas foi “rápido” (1 semana). Fora isso são cópias simples de documentos, 6 forms (casal sem filhos) pra imprimir e preencher, 6 (SEIS) FOTOS PARA CADA UM em um formato esdrúxulo/proparoxítono (3,5 x 4,5), 2 CSQs (vias do consulado) e comprovante de depósito do valor simbólico de $1100 (CAD), que no nosso caso deu R$ 1850.
Avião e Hotel
Nosso plano era ir quinta à noite, depois do expediente da Rachel, e voltar domingo à tarde, horário tranquilo e permitindo enviar o federal no sábado e aproveitar um pouquinho de sampa.
O mais barato que conseguimos nestes horários foi ida pela TAM galeão-congonhas, volta pela webjet guarulhos-santos dumont. Ha, tour dos aeroportos! 🙂 O importante para nós era chegar em SP por congonhas, muito mais perto da berrini. O resto não importava muito, mas foi bom fazer o tour, agora podemos nos despedir do Brasil tendo conhecido todos os aeroportos da megalópole brasileira. 🙂
De hotel queríamos ficar no Quality Berrini, muito perto do BIQ e onde vários colegas já ficaram. Como ele estava lotado, tivemos que procurar outro. Acabamos reservando no Time Othon, que também é pertinho (200m) e estava até mais barato.
A Ida
A ida foi tranquila, tudo como planejado. Fomos para o galeão de táxi, pra evitar problemas. Um pouco de trânsito mas chegamos dentro do horário. Pudemos fazer o check-in no quiosque sem problemas, era uma preocupação nossa pois não temos impressora/odiamos papel e queríamos fazer o check-in sem ter que imprimir nada.
Em congonhas só ficamos na dúvida de onde pegar o táxi, porque tinham várias filas do lado de dentro para os quiosques de empresas, e do lado de fora tinha uma outra direto para os táxis. Nossa dúvida era se era pra pagar dentro e depois pegar fora, ou se dentro eram só os pré-pagos. Perguntamos do lado de fora e não precisava pagar dentro, então ficamos ali mesmo. A fila estava gigante como esperado, mas andava rápido.
Com o taxista foi tranquilo também, todo mundo fala para ficar esperto para não ser enrolado, mas viemos do Rio e afinal tem que ter alguma vantagem nisso, né? Infelizmente já estamos acostumados… Tínhamos visto antes o caminho certinho no google maps e street view, dissemos para o taxista que iríamos pro othon numa transversal à berrini, para ir pela roberto marinho / antiga águas espraiadas… sem erro. Até acompanhamos o caminho pelo maps… 🙂 Deu R$ 35, pra bandeira 2 tá bom.
No dia seguinte tomamos café (chunky bacon!) e nos vestimos. Nessa ordem, porque somos que nem criança e molho de tomate na roupa da entrevista não é legal! Fui de camisa social preta, jeans “socializado” e converse. O máximo de formal que posso ficar sem deixar de ser eu mesmo. Rachel foi mais ou menos na mesma linha.
Tínhamos que fazer checkout antes de meio dia, pois iríamos mudar para um hotel na região da paulista depois da entrevista. Idéia de jericó. Deveríamos ter deixado isso para o sábado. Whatever. Fizemos o checkout, deixamos algumas bagagens no hotel, e fomos para o shopping nações unidas, que já conhecíamos de quando tiramos visto de turismo. Ficamos enrolando ali, não precisamos comer pois já tínhamos tomado um café reforçado com esse propósito. Almoçar antes de coisa importante não é uma boa idéia. Localizamos o Itaú, o HSBC e um lugar para tirar as fotos do federal.
Nossa entrevista era às 14h30. Às 13h40 nos dirigimos para o BIQ, ali do lado. Pra quebrar o clima, a recepcionista disse que só podíamos subir faltando 15 min (eram umas 14h), e educadamente basicamente nos mandou ir pastar. “Vocês podem ficar ali no Garfus, numa padaria sei lá onde, ou no shopping D&D”. Valeu, acabei de vir de lá. Enfim. Como não íamos almoçar, não podíamos ir pro Garfus. A padaria não achamos. O D&D/nações unidas não aguentávamos mais e era meio longe faltando 30 min. Ficamos fazendo hora na banca de jornal da praça, mas o tempo não passava! Essa parte foi bastante irritante. Você vem de longe, se prepara absurdamente para uma entrevista importante, chega na recepção num horário razoável e depois tem que ficar fazendo hora em banca de jornal! Bom, em meio à desesperante falta do que fazer, fomos ao Garfus de qualquer forma “ver qual é”. Acabamos descobrindo tardiamente que não tem só almoço, mas também um pequeno café onde poderíamos ter ficado desde o início (provavelmente era a tal “padaria”). Passado finalmente o tempo, voltamos à recepção, passamos pelo roteiro padrão rg/foto/cartão, a recepcionista nos desejou boa sorte, e pegamos o elevador.
Complicado descrever o sentimento nessa hora. Não estávamos nervosos, felizmente! Era só um sentimento bom mesmo, de finalmente estar ali naquele elevador do “O último que sair fecha a porta”, se preparando há tanto tempo, sabendo que, bem ou mal, finalmente a fase da entrevista ia acabar. Eu pelo menos estava extasiado e sinto ainda um pouco disso até agora ao lembrar.
Chegamos ao famoso 15o andar, só do BIQ pelo visto. Um escritório muito bonito e de bom gosto. Entramos, e fomos recebidos com o bonjour da recepcionista, muito simpática. Nos explicou (sempre en français) que seríamos entrevistados pelo M. Leblanc (yay!), na hora certa, e que poderíamos esperar ali na famosa salinha. Fomos sentar na salinha. Momento mágico! Bem mais bonita pessoalmente. 🙂 Não havia ninguém ali porém. Na TV estava lá a famigerada Céline, mas felizmente não era um show, mostrava ela falando com um grupo de pessoas (som muito baixo, não dava pra entender). Na maior inocência tiramos algumas fotos nossas ali. Depois na saída é que vimos um papel dizendo para por favor não falar ou filmar. Desolé BIQ! 😦
Depois de uma espera bem pequena, sai da sala um casal feliz (clichezão) e vemos o M. Leblanc. Digo a eles que pela cara com que estão, félicitations! E tinham passado mesmo. Perguntaram de onde éramos e disseram que também eram do Rio, mas do Grande do Sul. Ficou uma dúvida então de se já tínhamos sido chamados ou não. Rachel jura que viu M. Leblanc fazer um gesto para entrarmos, mas eu não vi. Fomos nos aproximando então da sala de uma forma bizarra e indecisa, mas acabou que quando chegamos ele pediu para nos sentarmos mesmo.
A Parte que Importa
Não conseguimos lembrar nem por um decreto a ordem certinha de tudo, mas foi mais ou menos assim:
– Nos cumprimentou, pediu para sentarmos, etc. Não cometemos nenhuma gafe (uhu!). Logo no início fiquei um pouco surpreso com a atitude dele, bastante séria e formal (Rachel não achou nada disso), acho que por falarem tanto que M. Leblanc é o entrevistador mais simpático e brincalhão eu fiz uma imagem exagerada na minha cabeça. No final vi que ele realmente É super simpático e brincalhão, mas sabe ser super sério e profissional quando precisa.
– Foi confirmando os dados de sempre, nascimento, profissão, etc. Se ela tinha mudado o nome no casamento (não). Beleza, francês claro e cristalino, bem tranquilo de entender.
– Foi pedindo os documentos de sempre: passaportes, certidões de nascimento, casamento, etc.
– Perguntou quantos anos de estudo (acho que só para Rachel; eu só tenho o ensino médio). Pediu nossos diplomas e relevés de notes. Perguntou se o diploma dela era técnico, explicamos que não, na verdade é um tecnólogo, ou seja, post-secondaire. Ele cismou que era técnico mesmo assim e escreveu “technicienne”. Bom, felizmente passamos mesmo assim!
– Pediu comprovação de trabalho da Rachel, ela disse que tinha a carteira de trabalho e contra-cheques dos últimos 5 meses, ele disse que era isso que queria mesmo. Verificou cada emprego na carteira. Não precisou de IRPF nem contratos de rescisão. Perguntou também se ela ainda estava no emprego atual – vous-êtes toujours là? – interessante porque só há pouco tempo tínhamos entendido este uso estranho do toujours. Ainda bem, senão era gafe na certa!
– Pediu comprovação de trabalho minha. Essa era uma das minhas maiores preocupações, se eles iriam encrencar com o meu trabalho, pois é uma situação bizarra da qual a maioria das pessoas nunca ouviu falar. Eu crio sites por conta própria, coloco anúncios do Google AdSense e o Google me paga por transferência internacional. Geralmente o que se espera de um autônomo é um CNPJ, ou RPAs, ou algo do gênero. Eu só tenho “boletos de câmbio” que são os documentos gerados quando recebo uma wire transfer, e os DARFs do imposto relativo a cada pagamento. Fora isso só o IRPF mesmo. Ele pegou os boletos, os DARFs e o IRPF, e aceitou numa boa! Foi marcando nos boletos a fonte pagadora, meu nome, o valor em “US” como ele dizia, e o motivo do pagamento (que na maioria dos boletos estava ridiculamente errado, “pequenos compromissos”). Não precisei mostrar carta de cliente (também faço alguns freelas) nem contrato social da empresa da qual fui sócio até 2007.
– Enquanto preenchia alguma coisa brincou dizendo que eu era o único que recebia dinheiro do Google ao invés de pagá-los. 🙂 Pra quem estava com medo de encrencarem com o trabalho, foi um alívio e tanto!
– Pediu diplomas de francês e inglês. Demos os da École e o da Rachel da Cultura. Disse que a École tem realmente uma boa “performance”. O diploma da Cultura é meio bizarro, não tem número de horas e só diz que ela acabou o ciclo X (que vem a ser o último, mas não está escrito). Ele ficou olhando com uma cara confusa e depois devolveu. Depois me perguntou meio que confirmando se eu falava inglês, porque o Google com certeza não lidava comigo em português nem em francês. Ha! Priceless! 🙂
– Pediu licença para ir tirar xerox dos nossos diplomas da École. Toda! Ficamos sozinhos “urubuservando” aquela sala tão imaginada. Percebemos a ficha de avaliação com a nossa pontuação: 59 pontos! Tínhamos calculado 57, o que ficaria na marca, pois precisaríamos dos 6 de adaptabilidade para chegar a 63. Com 59 precisávamos apenas de 4. \o/
– Fez a famosa pergunta “porque o Québec”. Em francês. Meio decepcionante, porque essa era a única pergunta que ele estava fazendo para todo mundo em inglês, e tínhamos treinado nas duas línguas, mas mais em inglês. OK, tentamos então explicar nossos motivos… temos bastante dificuldade pra fazer as pessoas entenderem isso, e apesar de termos treinado muito, fomos meio mal na nossa própria avaliação. Enquanto falávamos ele só digitava sem parecer dar a mínima, espero que tenha ignorado mesmo, pois não fomos bem. Não vou tentar explicar aqui também porque queremos imigrar, em resumo é uma questão de identidade cultural. Imagino que ele esteja acostumado a ouvir sobre o que atrai a maioria das pessoas, a qualidade de vida. Bom, no final felizmente não parece ter feito diferença, ele não fez nenhum comentário sobre nossa resposta.
– Perguntou se já visitamos o Québec, dissemos que sim, em março, durante o carnaval aqui. Ele brincou e entendeu que “pulamos” o carnaval. Perguntou quantos dias, e quando viu que era pouco, meio que deixou o assunto pra lá (o que faz sentido, pois menos de 2 semanas não conta pontos como séjour). Chegamos a falar do frio porém, que fomos durante o inverno porque gostamos do frio e queríamos ver se aguentaríamos o de lá numa boa. Ele disse que é só se vestir bem, com o qual concordamos.
– Perguntou como pretendíamos fazer para arrumar emprego lá. Rachel explicou que caso tivesse o CSQ já se inscreveria daqui no espaço do emploi québec para détenteurs de CSQ. Ele disse que ia justamente falar sobre isso em seguida. Em algum momento ele pediu o CV dela (vai que…). Também pediu para ver as ofertas de emprego, e foi analisando algumas. Perguntou se ela achava que o CV dela estava “acima”, “no nível”, ou “abaixo” das ofertas de emprego (ele tinha as do plano A na mão). Ela não entendeu muito bem o sentido da pergunta, porque tinha escolhido aquelas vagas exatamente porque batiam com as qualificações dela. Depois de um certo periodo de confusão, ela acabou dizendo que estavam “no nível”. Ele aceitou a resposta.
– Eu disse que no meu caso não faria muita diferença, porque posso continuar meu trabalho normalmente de qualquer lugar, mas que eu iria procurar me integrar à comunidade de desenvolvedores e empreendedores locais. Ele disse que a nossa profissão é mesmo muito bela, porque é totalmente portátil.
– Perguntou se conhecíamos alguém no Québec. Dissemos que conhecemos alguns ex-professores, colegas que já foram e vários que estão indo. Falei que inclusive conhecíamos o Gustavo que tinha sido entrevistado no dia anterior. Ele se lembrou e falou que realmente ele era muito bem preparado, só não tinha gostado muito do plano A dele (transferência de Alberta para Québec na empresa :)).
– Perguntou onde queríamos morar, dissemos que ville-marie, pois tem a melhor estrutura urbana, é perto de tudo, e gostamos de condos. Ele disse que realmente era bom, que a área vinha se revitalizando nos últimos anos.
– Durante os vários momentos de silêncio enquanto ele “só digitava”, ficávamos na nossa. Entendemos ele porque volta e meia alguém pede para resolvermos alguma coisa no computador e enquanto estamos tentando resolver o problema, a pessoa fica falando com a gente para preencher o silêncio. Deixa o cara trabalhar!
– Como todo mundo diz, em momento algum pareceu que estávamos sendo avaliados ou que estava em questão se íamos receber o CSQ ou não. Desde o início já deu pra perceber sinais claros de que íamos sair dali com o CSQ na mão. Mas o mais óbvio foi quando ele nos deu “do nada” o Apprendre le Québec. Aí já ficamos bem felizes! 🙂
– A primeira vez que a impressora funcionou ainda não era o CSQ. Era alguma coisa interna para ele mesmo, que parecia ter nossa pontuação. Mas eventualmente ele imprimiu nossos 4 CSQs e nos deu, explicando tudo sobre o federal e a francisation en ligne. Só não falou os famosos “vous-êtes acceptés au Québec”, ou bienvenus. 🙂 Ficamos muito felizes mesmo assim e agradecemos.
– Falou que poderíamos fazer a francisation em 24h, pois ali no BIQ eles estão online com Montréal. Que se fosse em salvador ele estaria no laptop dele, e que aí só na próxima ida dele a Montréal!
– Frisou várias vezes que se tivermos uma oferta de trabalho, para falarmos com a “ambassade” (depois confirmei que na verdade era o consulado), que eles dariam prioridade ao nosso processo.
– Também frisou bastante que devíamos focar totalmente no plano A, que a nossa profissão é muito portátil e que dá pra aproveitar bem a nossa experiência.
– Não usamos em nenhum momento nenhum material que não foi citado aqui explicitamente. Notadamente ficaram de fora: budget, anúncios de apartamentos, “contrat relatif bla bla bla”, passagem de avião e vagas do “plano C”.
– Realmente não rolou inglês hora nenhuma. Um pouco decepcionante para nós que gostamos de usar as duas línguas, mas até que é bom pois não temos tido oportunidade de falar inglês e nossa expressão está meio fraquinha comparada ao francês.
– Perguntou se tínhamos alguma questão. Pra variar, não conseguíamos pensar em nada apesar de ter certeza de que no futuro iríamos querer voltar no tempo para perguntar um monte de coisas!
– Perguntou se éramos os dois de “verseau”. Demoramos um pouco para entender que ele estava falando do signo. Explicamos que eu sim mas que Rachel fica na “fronteira” com piesces e que ela pode dizer que é um ou outro conforme a conveniência. Ele riu e disse que ela tem o melhor dos dois então. Ele nos disse que é “verseau” também, que nasceu um dia depois de mim.
– Se despediu e nos desejou boa sorte!
Na saída, não havia ninguém na sala. Mas enquanto organizávamos os documentos, encontramos ele, é claro, M. Gilles Mascle. Disse a ele que a última vez que nos falamos foi em 2009, na EduCanadá (quando nosso objetivo ainda era o federal). Ele disse que lembrava do evento, que foi “fou”, mas pediu desculpas por não lembrar de nós (coitado, nem esperávamos, falamos quase nada!). Perguntou qual era a nossa área, e pra onde íamos. Dissemos TI, Montréal. Aí ele perguntou “Montréal, Montréal”? Tem certeza? E eu disse que sim, “Montréal, Montréal” mesmo! 🙂 Que as outras cidades do Québec são muito bonitas, mas a nossa profissão está muito ligada aos grandes centros urbanos, e que gostamos muito da vida urbana. Mas quem sabe no futuro! Aí ele ficou insistindo (hehehe entendemos, é o trabalho dele!), nos deu um folder do 1888-me voilà, expliquei que por coincidência havia visitado o site deles há poucos dias. Também falou com a gente do federal, disse que atualmente não rola em menos de 10 meses!
Enquanto falávamos com ele, vimos também a famosa Mdme. Soraia Tandel, que nos cumprimentou muito simpaticamente enquanto passava.
O Dia Depois de Amanhã
Descemos felizes da vida, e voltamos ao shopping nações unidas para fazer o depósito do federal. No caminho ligamos para avisar a família e para agradecer à Sarah, notre chère prof.
Ligamos para o consulado para confirmar o valor (como eles frisam para fazer), sacamos no Itaú e depositamos no HSBC. Depois, tiramos as fotos.
Como tínhamos tido a idéia brilhante de mudar de hotel na própria sexta, pegamos o trem/orca/metrô em plena hora do rush. NOT COOL. Mas chegamos inteiros mesmo assim, e no dia seguinte terminamos de preencher tudo, e enviamos nosso federal nos correios da pamplona (que ficava aberto até 12h). Depois confirmaríamos pelo rastreamento que nosso pacote foi entregue na segunda mesmo como esperado. Agora é esperar os exames médicos!
Estamos bastante felizes, é muito bom ter passado essa fase. Agora sabemos que nossas chances de termos nosso visto daqui a mais ou menos um ano são muito grandes, e podemos adiantar uma série de coisas que não podíamos sem o CSQ como conta no HSBC, cadastro no placement en ligne, francisation en ligne, começar a pesquisar sobre procurações, sobre como avisar à receita federal que estamos saindo, começar a planejar sobre como vamos nos livrar dos móveis, cancelar o aluguel, onde vamos ficar nos últimos dias no Brasil… enfim, temos muita coisa pra preencher esse ano e pouco de federal!
Obrigado a todos que nos apoiaram e ajudaram direta e indiretamente; especialmente a todos que contaram suas histórias em blogs e no fórum brasil-québec. E acima de tudo:
Merci pour l’opportunité Québec!